TEXTO DESCRITIVO E ANALÍTICO

O CORO VAI COMER



Cidade Universo, 19 de setembro de 2011.



Tudo parecia ser normal naquela ensolarada manhã de segunda-feira, mas por volta das 9:30h o tempo fechou dentro daquela repartição pública.

O secretário de planejamento e urbanismo da cidade chegou à prefeitura com uma “cara de poucos amigos”. Sabíamos que seria um dia difícil. Ele entrou em sua sala e lá permaneceu por algumas horas.

Depois saiu, chamou em sua sala um dos arquitetos da Prefeitura e lá ficaram em reunião a portas fechadas por alguns minutos. Ao sair da sala, o arquiteto foi diretamente à sua mesa, pegou alguns papéis e seus documentos pessoais e sai da repartição.

            A faxineira observava tudo com muuuita atenção, pois em cidades pequenas as pessoas gostam muito de fazer comentários sobre a vida alheia.

            Após alguns minutos o secretário veio até a porta da sala e me chamou. Percebi que ao passar pela mulher que fazia a limpeza matinal, fui olhado com uma certa apreensão.

            Ao sair da sala do secretário não havia ninguém na outra sala, fui então em direção ao corredor e sai da Prefeitura.

            Quando retornei à repartição estava muito quieto, só tinha uma pessoa, que era o senhor da recepção, que me olhou com uma cara meio estranha. Depois de passar algum tempo, uma das arquitetas veio à minha mesa. Ela acabava de chegar da cozinha da Prefeitura, o lugar onde todo o mundo sabe de tudo.

            Ela veio em minha direção e disse:

Arquiteta: - Fábio, e ai?

Fábio: - E ai o quê?

Arquiteta: - O que aconteceu com você?

Fábio: - Nada, to na boa.

Arquiteta: - Sério mesmo?

Fábio: - Sim, Por quê?

Arquiteta: - Porque o arquiteto foi exonerado, e a “mulher da limpeza” disse que você também foi conversar com o secretário.

Fábio: - Ah sim, também fui conversar com ele. (expectativa no ar) Ele me disse: “Fábio você pode pegar o controle do portão da prefeitura que eu deixei no carro da Secretaria?”

Arquiteta: - Ai Fábio, que susto! Pensei que você também tinha “rodado”.

Fábio: - Ah não, eu ainda vou ficar por aqui, mas se ele exonerou o arquiteto ele teve um porquê.

Arquiteta: - É ai eu já não sei.

Fábio: - “Nem eu”.

            Aqui em “Smallville” as palavras têm uma força muito maior do que muitos pensam... Vivemos uma era próspera no nosso país, os sonhos que antes poderiam ser impossíveis, hoje já são possíveis. Todos vendendo, comprando e consumindo. Mas será que as coisas realmente melhoraram? será que não estamos vivendo uma época de “maquiagem” onde os “poderosos” nós dão uma gota de sonho e por trás nos tiram um mar de oportunidades?

Vocês devem estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com um simples arquiteto que foi exonerado. Esse escritor é louco?

Não! Não sou, mas só quem está vivendo e vendo o que acontece dentro de uma prefeitura consegue perceber que não vivemos mais em um “país democrata” (governo do povo). Se em “Smallville” não se pode ter uma opinião sobre em quem deve votar, imagine em nossa capital federal.

Eu não sou de “direita” muito mesmo de “esquerda”, será que estou em cima do muro? Não, eu só não quero me envolver com essa banda podre que envolve os três poderes. Quem sabe se tivéssemos em cada cidade um “Super Boy”, as coisas seriam diferentes.

Se Jesus estiver voltando o “coro vai comer”, como diriam os caras do Tihuana. Muitos irão sofrer as consequências de não seguir as leis divinas.

Se eu que não sou religioso irei sofrer, imagine esses “democratas”.



/:-)                                   por: Fábio Teixeira Louro
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